A minha juventude, o contexto actual - Maputo

A poucos dias, vi um debate promovido pela STV, uma televisão privada em Moçambique, subordinado ao tema “O Contributo da Juventude no Processo de Construção do Nosso País”.
O mote foi interessante, por isso estive atento e de olhos e ouvidos bem abertos, porque com orgulho faço parte desta geração. Mas logo “a priori” (é somente sobre este aspecto que irei superficialmente debruçar) me apercebi que os vários grupos juvenis ali presentes (CNJ, OJM, Parlamento Juvenil, Liga Juvenil da Renamo, Juventude Cristã, etc.)  não comungam os mesmos ideais e acima de tudo não há sinal de respeito entre eles. Uma coisa aceitável ao meu ver é a juventude comungar os mesmos ideais e não concordar com o modo de prossecução dos mesmos, independentemente da sua filiação política ou não (Jovem é Jovem), pois percebo que todos queremos o bem estar da nossa camada e do país (um feito histórico)! Julgo que seja por mais esta fraqueza que ao de cima se impôs o Slogan: “Geração da Viragem”.
Confúcio defende que o jovem deve ter a regra de ouro: não fazer ao outro o que não quer para si e chama a atenção para a importância da constância das virtudes. Um comportamento errático, meramente oportunista e flutuando de acordo com as circunstâncias e os interesses, não é um comportamento virtuoso.
Sinto que a este respeito a que se situarmos, de modo que aquele da oposição não critique só porque é da oposição e o aliado não “lamba as botas” do seu só porque é aliado!
Foi-me consternante a constatação de que a nossa união é frágil e nalguns casos meramente oportunista, não obstante, concordar que o conflito constitui a força motriz do desenvolvimento humano, mas para tal é preciso que a juventude seja coesa e viva uma total liberdade, não aceitando ser manietada por interesses alheios a sua própria prosperidade (dividir para reinar).
Já diz o outro: Não pode haver liberdade se a prosperidade não respeitar os ideais de cidadania.

A política da liberdade, deve caminhar lado a lado com a política de conviver com o conflito, (aceitemos a visão contrária e não marginalizemos a nenhum moçambicano só porque vê as coisas de forma diferente da nossa), tendo sempre em mente que a prosperidade e a cidadania devem ter o mesmo peso na balança, para que a juventude possa ter melhores oportunidades. Entretanto, esse conflito precisa ser domesticado pelas instituições, organizações e não através de revoluções, como se pretendeu fazer passar por algumas alas, mas sim e sobretudo pela mudança de estratégias, entendendo-se que ser jovem moderno não significa o abandono de determinados valores e responsabilidades imprescindíveis para o encaminhamento, tanto da política da liberdade como da melhoria da condição humana actual.
Meus amigos, é óbvio que pode haver progresso sem dor. Trata-se sim de uma batalha que todos os grupos devem participar, visando o estabelecimento tão reivindicado dos direitos individuais e colectivos, bem como a necessária e urgente redistribuição dos bens materiais, actualmente restritos e voltados apenas a uma mínima parcela favorecida dos nossos jovens e dirigentes. Mas isto, como acima citei só há-de ser possível se nós sentarmos num mesmo espaço e discutirmos civilizadamente as ideias, sem descriminação, e redefinirmos os nossos objectivos, para que cada um, a posterior, na sua labuta saiba para onde vai e como contornar as manietações.